Capa - Sarau

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Sarau Equinócio de outono

sábado, 27 de agosto de 2011

Negra de chão audaz

Olha que mulher forte
negra guia baldes, vassouras, flanelas,
água, sabão líquido e em pó, cloro e bom ar
deixando casas limpas, cheirosas, bem aparentáveis.
É uma negra faxineira que sai cedo pra pegar ônibus
no calor do busão na textura dos corpos com bolsas e sacolas
trabalhadores, estudantes, humanos no calor da poesia simples .
Esta negra forte que das suas faxinas
me deu o que comer pra viver
para que eu pudesse comer outro alguém e ser comido pelos olhos
como ela se deu ao prazer deste desejo com meu pai.
Negra linda em passos audazes me deu futuro do presente da faxina,
me deu escola, me deu roupa, me deu chão,
me deu cura, me deu caderno de poesia, me deu busão.
Esta negra mãe me apresentou a poesia da poesia da pele negra
me deu simpatia que sinto com todos e suas belas diferenças.
Eta negra de chão audaz,
me deu paz de ser capaz.
Poderia dizer o já dito nos poemas
mas a característica de ti minha negra
é minha conjugação de negra de chão audaz.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Dançarino

Lembro de quando o sexo era nossa poesia.
Sabe, o amor é uma dança privada.
Um balé de carinhos, gozos e sentidos.
Uma dança interminável dentro de nós.
Em ritmos variados como os dias que se passam.
Têm movimentos grotescos, delicados, cordiais.
É uma valsa, um carnaval, um rock, um jazz.
Ele sempre se sai bem na dança do seu enredo.
O enredo o torna um bom profissional que aprende de tudo e ensina a todos.
Um dançarino que nos leva em seus braços,
nos direciona com suas pernas,
com seu corpo nos põe no leito
e ele se levanta e faz sua própria dança privada.
Sim, meu bem, o amor é uma dança.
A qual temos que aprender dançar, soltar o corpo,
mexer o quadril, pés, ombros, mãos, ritmar as pernas.
Podemos errar alguns passos
e no meio dos movimentos perder o ritmo do corpo coma a música que toca,
mas há de chegar a grande estréia que receberemos calorosos abraços e aplausos
e no nosso camarim terá rosas de amor,
vasos de felicidade e água de união.
Na comunhão de uma dança privada a nós.
O amor é um poeta dançarino.
Alguns dizem que amor é um sentimento,
mas, eu digo que  ele é um dançarino e é a dança humana.

domingo, 7 de agosto de 2011

Ódio a este velho tempo

Quão bastante a reação, tola é  ação
eles terão que tecer entre as noites, em becos,
em desolo, em seres tão ingênuos perante seus ódios?

Ódio talhado em suas infâncias ricas em aprendizagem
a que se tornaram pobres de caráter, de humanidade, de respeito.
Talhado até contra a própria prole.
Seguem nas estradas a resumir o ódio sem motivo lúcido
nas forças de suas mãos, pés, no impulso de pedras, na velocidade de paus
até se acharem convencidos que não é preciso bater mais por aquele dia.
Largam o ambiente de despejo de seus ódios
e deixam ao chão seres violentados, feridos, respirações fraquejantes ou até mortos.
Assim, se satisfazem em agressões verbais e físicas
aos homossexuais e transexuais que dizem serem aberrações, desalmados.
Mas está certo mesmo?
"Aberrações" serem violentadas sem a prática do mal para se ter motivo de justiça ao menos?
E aos assassinos compulsivos de ódio de plantão nas ruas a matar serem os mocinhos da novela da vida?
Estes compulsivos serão o exemplo de humanos?

Quão tempo teremos que sobreviver neste mundo sabendo que estão soltos medíocres humanos
que em suas almas miseráveis de humanidade andam entre nós, nos cumprimentam, abraçam,
talvez nos beijem e nos abençoem em gestos familiares mantidos nas gerações?
Poderemos viver sabendo quem poderá ser o próximo?
Poderemos dormir e acordar sabendo que um amigo pode ter sido morto enquanto dormíamos?
Das tragédias, os lamentos dos que morrem,
no último suspiro lembram todos seus amigos e todos pertencentes a sua condição que podem serem os próximos!

Os senhores de colarinho branco estarão lá assistindo como se fosse:
almas expostas pelas ruas numa dor elegante
perante a poesia mundana e desumana de matar quem nada fez.
Até quando teremos que filosofar e acreditar que é:
melhor esperar algo do irreal do que dos humanos,
pois, os sonhos são mais reais e humanos do que as pessoas?
Bom, sonhamos com homens realmente humanos e buscamos capacitar esta sociedade a esse ponto
em que teremos exemplos de humanidade e respeito no cotidiano.
Queremos parar de sonhar com este novo tempo para o viver rapidamente
e vivemos mais felizes e menos medos como todos.
São gays e os seres que os amam enquanto parentes e amigos que buscam este novo tempo.
Isto é por nós, pelos nossos filhos, pela vida!
Então façam suas inscrições para o novo tempo de humanos!