Capa - Sarau

Capa - Sarau
Sarau Equinócio de outono

domingo, 30 de outubro de 2011

Deleite de uma virgem



A última virgem se lapidou.
Uma donzela postada em plumas negras e macias.
Corpo despido se conforta no leito.
Ela palpita seu corpo.
Com suas mãos ela conhece sua face
Passa para o pescoço e ombros,
Se prolonga nos seios e desdém seu abdome,
Desenha suas coxas e pernas sem tocar
E volta as mãos para sua genitália,
Conhecendo seu desenho e textura, relevos.
Na sua face nasce o sorriso de mulher
E os olhos enxergam de longe o seu desejo.
Em seu pensamento em transa com a mão.
Em sua mente ela diz:
“ Prove do meu veneno dentro de mim”
Implora o toque de alguém quando está ausente.
Retorcendo-se nas plumas do desejo
Acariciando os seios e a genitália
Envolvida em movimentos de paixão.
Sentindo sua sensível pele branca
De aroma de leite extraído de seios puros.
Vivendo seu deleite misterioso.
O segredo de suas entranhas.
O palpite do seu corpo.
Em meio ao frescor da pele surge um calor inflamo.
Ela está presa nas garras do desejo.
Condição de tua virgindade feminina.
Palpitações de mulher de uma sensibilidade envolvida pela inocência.
É a carência do teu corpo.
As palpitações urentes em teu corpo de suas mãos delicadas.
Aprofunda seus dedos na vagina límpida.
Belas mãos possuídas por seu desejo.
Corpo parnasiano, insano em gestos de sua sexualidade.
Ela lapidou seus órgãos atraentes, perfeitos.
Sentindo o calor do corpo,
Do desejo florindo ente a pele.
Da forma que ela sustenta o calor ao passar do tempo
E na mesma forma apagando calor,
Envolvido por sua dor de virgem.
Fogo do sexo. Seiva dos seios.
Seios belos, belo corpo desenhado.
Caricias corporais, orgânicas, prazerosas.
Nos seus olhos há uma chama acesa.
Ela se retorce mais, levanta o corpo
Logo cai com o sorriso no seu leito.
Apaga a chama intensa
Que aqueceram as plumas macias no aperto do sexo,
Agora morto.
Agora ela afunda no lago,
Lago, relaxamento e descanso.
Sobre suspiros de seus lábios vermelhos
E o silêncio de suas mãos, a calma dos seios
E a parada das contrações vaginais,
O suor vai sumindo de pele dos seios, abdome, nádegas e coxas.
Seu corpo se recolhe no centro das plumas.
Sendo o coração de uma transa batendo por mais prazer,
Na chama morna do seu interior.
Ela lambe seus dedos de despudor
E torna sua virgindade viva,
Com sua alma feliz e um sorriso de pecado.
Sem culpa e sem insatisfação.
O  coração bate por mais
E as mãos se mexem sobre o corpo despido.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Útero


Belo lar de abraço urente.
Leito aconchegante na macia líquida placenta.
Delicioso trabalho de tecer futura vida
Foi a minha estadia no útero.

Lembro que já sendo aquele feto comum.
Semelhante a outros fetos de incomuns mães.
Eu quando era feto, de fato me transparecia.
Me transparecia pelos meus antigos dedos frágeis,
Dedos estes que riscavam versos de maternidade, paternidade e aprendizagem.
Riscava, desenhava na parede do útero desta comum mãe.

Feto que eu era que de fato feto ela foi ao útero de minha avó.
Predestinava outro lar para mim, o mundo.
Lapidava outro leito para mim, os colos dos amores.
Descansava para outro grandioso trabalho, o de viver.

sábado, 15 de outubro de 2011

Olho da noite


Cai novamente a noite
Perpetrando sua existência escura e sedutora
Abraçando cada poro da pele do homem
Seduzindo o admirador do outro.
Desenvolvendo movimentos de conquistas entre os homens.

Na noite perfumes entre os suores humanos
Fumaça de cigarro voando entre as faces
Penetrando as lembranças da consciência
Elevando a saudade do teu perfume com traços suspirados do seu cigarro
O gosto da nicotina nos seus beijos.

Passam tantos corpos, quadris
Calças modelando pernas, bundas e coxas.
Vem a mente seu quadril em rebolados da intenção de me seduzir
Lembro da maciez da sua carne
Sentando no meu colo  e sentindo minha virilha.

Comunicação nos ares, vozes agudas e graves e vários tons e sotaques.
Diálogos de paz e de guerra, fofoca de amigos.
Relatos dos problemas pessoais entre multidão.
E aquela voz tua alta e grave, reveladora da sua condição
Substituta dos seus olhos quando estes não falam aos meus  o que tu pensas.

Assim entre a noite
Tudo o que ela traz em seus braços de lua
A lembrar tantos homens do que eles já viveram,
Nasceram em tal acontecimento inesperado
E morreram em algum fim do fragmento do livro da vida
Na página de um fim desenvolvendo o tempo de nascer de novo.

Da noite estação do dia, observar a vida é uma poesia
O formato da fumaça no ar, o cheiro de perfumes,
O caminhar reto e as vezes rebolado,
Crianças pedindo dinheiro entre as mesas dos bares,
Homens a beber etanol em tantas bebidas diferentes da bancada, adega.

Olho pro olho da noite
E vejo um sonho passar de homens semeando  sementes do amor.
Quando meu olho alcança o céu me recolho a terra aqui embaixo,
Me sentindo uma bactéria a ser empurrada no oceano
Esperando a força das ondas a me interagir com outros elementos
E iniciar novas formas de vida desta minha vida.

Vou finalizar esta noite olhando no olho da noite e suas lembranças.

domingo, 2 de outubro de 2011

Sinais do tempo




Um homem senta e assiste à peça que um velho encena.
Juntando os pensamentos num só,
Algumas correntes perdidas no ar
E outras sentadas juntas ao homem.

Nas palavras que irmanam ao ar analisam a existência.
Um velho sempre existiu com seus sagrados sinais.
Na face e no corpo a existência do tempo.
Dialogando, é a prova que o tempo existiu.

Para este senhor ao qual se põe atenção.
O melhor professor de sua caminhada foi o tempo.
É o tempo de reconhecer a semelhança do ego
E um personagem solto nas linhas do papel.
Adquiri a sensação de parar no tempo
E se analisar para prosseguir com a glória de se ter rugas.

O homem observa, fixa o olhar no personagem.
Em meio a descoberta do outro, descobri a si.
Um homem de aparentável  beleza
Brota para si a sua feiúra e a aplaude.

Na sede de manter o dom de escrever.
Ilusões da fronteiras do papel e do tempo.
O velho encerra uma obra ausente em todas folhas.
É o gozo de ser humano e velho
E aprender num espaço curto de um homem.

Aplausos ao velho,as rugas, as dificuldades.
Despertam povos a utopia do escritor.
Trabalham mentes nos devaneios dos papeis.
O tempo decompõe folhas e corpos
Mas deixa a sabedoria intacta.

Os homens agradecem as dificuldades, as rugas.
Nos palcos e ruas da vida e do tempo
Eternos aplausos e conhecimentos.
Cada rua, uma ruga do mundo
E esta terra tem muito a ensinar.

As rugas na face, sinais do tempo que me perco.
As cortinas estão sempre descerradas.


*Este inspirado na peça teatral "Don Juan no espelho" de Marcio Miranda