Capa - Sarau

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Sarau Equinócio de outono

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Útero II


Fui tecido e proclamo isto neste presente temporário.
Esta vida tem que declamar poesia como foi ensinado desde o escrever ao se  propagar no ar.
Aprendi isto a mais de 20 anos.
Foi quando as contrações vaginais de minha mãe
Já ritmava o declamar da poesia
E eu escrevia versos na parede do seu útero quente.

Hoje, realizo este trabalho eterno
De declamar a vida na poesia
Este ritmo que move é de sede e de fome da poesia
Com a injúria das pessoas ao meu redor que reclamam da minha voz grave chata.
Meus caros, não é minha culpa
A culpa é do útero que me deu paredes como papeis
E me encaminhou sons de contrações como melodia
E foi lá que aprendi e quis aprender a todo instante
Para chegar a este mundo com a mesma sede e fome.

As contrações podem até ter ritmado a minha dança
E danço entre o rural e o urbano
E qual será o mundo do futuro?
Será o rural porque este meio será implorado pelos homens
Daqui a algumas décadas, décadas próximas, meus caros.
Sabem, o útero também é o meio do futuro
Este é eterno do pretérito, presente e futuro que nos tece.
O útero é o mundo de um feto, de fato!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Nulo



É a saudade opressiva outra vez
Me mantendo calado nestes dias,
Me exultando de dia e afligindo a noite,
Me roubando o sono, o sonho, o escuro de descanso.

 Calando e gritando entre a alegria dos risos a minha volta.
Cantando canções da minha pátria
E longe do meu altar que era tão quente e bonito.
Sorrindo estou, neste sorriso sem nexo e singular.

É a certeza desta vez
Me mantendo convicto de que estou bem
Me lecionando nas grandezas do tempo clamando paciência ao destino
Me findando para outras vidas dos sentimentos desta mera vida.

Escrevendo e declamado poesia entre o ar repleto de átomos
Vou abandonando a saudade, a tristeza e a alegria
E vou me sentindo nulo com todas cargas equilibradas.
Poeta eu sou, este sonho singular é equilíbrio e desequilíbrio.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Coloniza


O amor é uma criança chorosa me pedindo colo
E me convencendo a sempre desejar colo.
Uma criança sedutora.
As vezes eu sou uma criança que não pede, mas coloniza um colo.
Sou criança atrevida sem vergonha.
Porque ao que popularmente chamam de vergonhas têm que ser usadas.
Minhas vergonhas querem mexer e trabalhar bem.
Esta criança distraída passa em tantos colos a procura de sua paternidade
E se confunde nestes calores encontrados.
Chora mais e mais,
Deita em outro colo adormece e sonha
Por finalizar um sonho finalizou outra ilusão.
Vai criança chora que não haverá castigo
Chame ou grite pelo seu pai sonoramente ou telepaticamente.
Não se castigue doce criança,
Sabes que o castigo é ficar sem um colo caloroso e humano.
Coragem criança,
Que você é a poesia viva
Você é um poeta.
Poeta é um Curupira em passos audazes,
Um Saci em passos duvidosos,
Uma Yara em nado sincronizado.
Poeta  é um passo do real e outro irreal.
Poetizas e coloniza outros colos, criança!