Capa - Sarau

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Sarau Equinócio de outono

terça-feira, 26 de junho de 2012

Desgosto

Analiso minha epiderme clara e ela ri para mim como eu.
Porque quando ligo a TV eu rio, rio muito.
Rio de desgosto diante da comédia atual transmitida.
Um desgosto que ao ouvi-la meus ouvidos tremem de inquietação diante do fato
E ao invés de gritar, eu rio para não parecer o único revolucionário contra a péssima comédia dada ao povo.


De desgosto a  tese vai sendo escrita por alguém
Outras vezes pensada e esquecida pelo tempo que o corpo leva pra escrever em outro corpo.
Os risos se propagam com a ausência de conteúdo e de arte diversificada
Todos oferecem o mais do mesmo,
Ai penso que os outros têm é que rir mesmo que parece a única saída
E esta única saída diante das correntes de aço de um palhaço temporário me causa desgosto.


Prefiro morrer com desgosto do que atribuir meus risos sinceros e naturais dados a artes merecidas
Do que atuar como se estivéssemos diante da evolução do humor.
Por favor, desliguem os centavos, os preconceitos, as temáticas tradicionais da minha TV!
Será o tempo em que a TV será apenas para conectar ao DVD?

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O amor


O amor é fantástico enquanto dura e quando está ausente.
Ele é forte, belo,  com cabelos brilhosos no sol
 Com pele quente e cheirosa na noite fria.
É como um atleta, um lutador que nos derruba no ring da vida
Mas no final nos ajuda a levantar para outra luta
Seguimos sobre sua incrível escravização que amamos e afogamos nele com prazer e dor
Sobre teu peito forte e lunático guarda uma chama que rege a sinfonia passional.
Em ti, ó fantástico, as sensações são outras
Em ti vou me despi meu continente
Em ti cavo tua carne pra deixar minha essência.

Quando a noite começa macia, leve e cheirosa
Ela vem fria  e me convida para as ruas da cidade longe dos meus pés
Assim ela implora para que meu corpo entre em contato com seu frio
Assim é o amor que implora pelo meu calor e eu imploro em clamores pelo nosso conflito.
Este voluptuoso conflito é um orgasmo de Deus sobre nós humanos.
Como num romance cinematográfico o orgasmo de Deus é uma chuva que cai sobre o casal abraçado em beijos no meio da rua quando se parecia o fim.
Nesta porra de Deus sentimos a febre da paixão
E com felicidade sentimos as grades  e a liberdade do amor.
Ó fantástico e lunático, goze sobre mim!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Olheira

Estou cansado de ser o sujeito que ordena o verbo
O verbo não acompanha os passos audazes
Os adjetivos amantes dos verbos se vestem de fantasma ente meu espelho
Aprimorando-me em sujeito da ladainha de viver.
A olheira pintada no meu rosto esta noite não é lamentação
Nem desconforto do leito que me ampara nesta vida
É de injúrias a quais me cortam a carne
E a olheira é uma cicatriz sombreada das noites em constantes pensamentos íntimos e públicos
E o sol desperta e rouba a reflexão noturna que me lambia no escuro.
O vento platino me deixa fresco num corpo quente
Este corpo alimenta a existência do saber
Este saber alimenta o desejo que atravessa as noites
Estas noites mal dormidas alimentam minha olheira
Esta olheira alimenta a pintura no rosto que suspirou cansaço.
Estou cansado de ser homem dito maduro
Queria cantar como rouxinol em corpo infantil
Em espanto inerte queria admirar os astros
Em brincadeiras caladas queria voltar ao útero de mim
Em tombos queria voltar de onde vim naquele tempo único que vivi
Em loucuras quero me sentir sempre poeta.
Estou cansado de ser,
Não, estou cansado de estar no verbo ser.

sábado, 2 de junho de 2012

Vinho


O vinho chega a profundeza da mente e se mistura a sensação fria da noite que nos vigia.
A lua se esconde no céu e eu me escondo por trás de uma taça de um tinto.
Os lábios tingidos iniciaram estas palavras e despertaram a sede por mais.
Passa a tarde, vivendo a noite e o sangue é integrado no bálsamo tinto.

Noite bêbada de mim parece o silencio dos poetas e ao redor as casas se calaram.
Aqui tudo vibra são as ondas sonoras e o calor do corpo em conflito com a brisa noturna.
Noturno vinho dos homens bêbados  e bêbados não estão, pois a cada água todos estão bêbados.
Taça ficando sempre mais límpida em seu vidro e a cor destas sensações faz o corpo de morada.

A lua que enfeita a noite dos poemas solitários brinca de esconde-esconde ou o vinho a embebedou.
Querida lua puta, sua orgia se ausentou do corpo nesta noite, onde estará o gozo a tingir meu sangue?
Um gole desce a garganta, dois, três, quatro... caminhando ao fim que não tem fim.
Somente o segundo fecundo da ultima gota de vinho ou da estréia triunfante da morte que é o belo e puto fim.