Capa - Sarau

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Sarau Equinócio de outono

terça-feira, 31 de julho de 2012

Útero III



Foi no fervor da placenta que me tornei humano
Naquele calor que me formulava obtive a minha temperatura corpórea.
Em meio aquelas substâncias, nutrientes  e gases me alimentei.
Alimentava para a caminhada para quando eu saísse daquele útero materno,
Ainda seguiria pelo mundo no colo de minha mãe
E os braços de meu pai me levaram a outros horizontes
Até que eu saísse com minhas pernas ao invés de braços paternos
E meu corpo servisse de colo para minha mãe e os amores que interromperam meu ensaio.

Foi nas ondas da placenta que fui sendo lapidado
Naquelas vibrações obtive movimentos frágeis, mas conquistadores para os pais
Estes movimentos mostravam minha pulsação e já tão cedo mostrava um coração inquieto.
Talvez naquela límpida e vital placenta, pressentia a beleza do mundo  e a poesia.
Sim, na placenta que desenhou meu rosto
Que mapeou os segredos do meu corpo
Que criou o laço que me uni a minha mãe ente a carinhos e intuitos
Que me deu polos de me entender e perder.
Foi a placenta a lapidadora de mim.

sábado, 21 de julho de 2012

A palavra

Cuidado!
Ela se soltou da grade
e vai perdida entre o ar esbarrando em corpos
se modelando na pressão do vento
ventos de quatro cantos
e indica a direção em que ela vai,
ás vezes vai furiosa e estupra o poeta.

Ela vasta de alma única
em essência desejável e desperta a ânsia
de trabalhar, dá trabalho aos dedos
fazê-los dançar sobre a folha na direção da caneta.
É ela, a palavra que irmana ao homem
e dá sentido a este trabalho.

Ela o possui com sua essência almática.
O poeta brinca com as palavras
e assim surge verdadeiros sentidos da vida
nesta brincadeira se torna um Deus das palavras
palavras impulsionadas pelas suas mãos
e brinca de dicionário como uma estrofe indefinida de possibilidades.

É ela que o nomeia por sua força,
a palavra faz o poeta pari seus poemas filhos.
A poesia é um nascedouro de sentidos reais e ocultos.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Êxtase da estrofe




Mas tudo o que foi será
E tudo o que fui será
Nada mais será o que foi de nós!

Mas se o céu perguntar a alguém, eu juro,
Eu tomarei o lugar da resposta e contarei tudo
Ou quase nada da nossa história
E minhas palavras serão o arco-íris que rasga o céu
Com uma canção a 1ª estrofe soará nas cores.

De nós tenho tudo ou nada e eu calo.
Me calar é me espantar e meu susto grita no crepúsculo
As ondas sonoras iluminam pouco a pouco seu corpo nu
Que na fração de segundos foi se despindo no ritmo da canção do arco-íris
Com a inocência da 2ª estrofe a tímida luxúria vira poesia e música.

Desta música criada na beleza da noite, eu  me dano,
Dentro do calor humano o infinito é transação dos sentidos
Disco de prata no céu ilumina os fonemas expelidos da língua
Mas todo o será invade o espaço e o escuro remete o infinito futuro
Dentro da visão cega as estrofes se tornaram o êxtase do poeta.