Foi no fervor da placenta que me tornei humano
Naquele calor que me formulava obtive a minha temperatura
corpórea.
Em meio aquelas substâncias, nutrientes e gases me alimentei.
Alimentava para a caminhada para quando eu saísse daquele
útero materno,
Ainda seguiria pelo mundo no colo de minha mãe
E os braços de meu pai me levaram a outros horizontes
Até que eu saísse com minhas pernas ao invés de braços
paternos
E meu corpo servisse de colo para minha mãe e os amores
que interromperam meu ensaio.
Foi nas ondas da placenta que fui sendo lapidado
Naquelas vibrações obtive movimentos frágeis, mas
conquistadores para os pais
Estes movimentos mostravam minha pulsação e já tão cedo
mostrava um coração inquieto.
Talvez naquela límpida e vital placenta, pressentia a
beleza do mundo e a poesia.
Sim, na placenta que desenhou meu rosto
Que mapeou os segredos do meu corpo
Que criou o laço que me uni a minha mãe ente a carinhos e
intuitos
Que me deu polos de me entender e perder.
Foi a placenta a lapidadora de mim.