Capa - Sarau

Capa - Sarau
Sarau Equinócio de outono

sábado, 25 de agosto de 2012

Time (tempo)


O tempo com seu perfume de acaso
Com seu rosto na imagem da palavra
Com seu sangue nas águas dos rios
Com seu olhar na morte de uma virgem.

Carismático e enigmático se tornou patético
Foi rolando nos relevos do rosto e agilidade dos passos
Se  camuflando em rugas e bengalas inacabadas
Se infiltrando no corpo pelo suor da caminhada.

O tempo tornou alguns reis e escravos amenos
Se serve, se dar, se recebe, se doa e se é
Logo ele com seus instintos abençoou o trabalho
E no seu rosto brotou um sorriso no jardim.

Falido e ressuscitado seu relógio marcou passos
Desenhou direções, crepúsculos, precipícios e auroras.
Com o perfume, rosto, sangue e olhar longínquo
O poeta nasceu como o perfume das palavras.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

No caldeirão da felicidade


Eu sou capaz de me lançar num caldeirão de fogo
Desde que eu  sinta os gozos da felicidade traçados e escritos na minha alma
E nem a violência da química e física é capaz de romper a sensação dada a alma.
Meu corpo é uma arma alma que se lança a tudo sem padecer na felicidade.
Se infiltra no mais impróprio
E tenta conquistar o inexistente numa vida natural.
Chega no ápice e se lança no vaco.
É um susto?
Esse sou eu.
Pois quem poderá me defender mais como poeta
Do que um estupro de um sonho de Deus
Ou do que a padecimento de um ato de Satanás?

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Linha divina


Oh, divina inspiração
Que me costura ente a ferida de cada palavra
Cada vez que profano uma nova palavra se abre uma ferida
Em cada verso e estrofe vejo uma parte de mim inteira ferida
E vejo meu interior.
Paro, estou com o corpo inteiro ferido
Precisando da linha da poesia a me costurar
Nesta confecção de me gerar que me faz humano
Estou sendo modelado a cada dia
E todos verão este artesanato no meu rosto cheio de rugas
Rugas que espero e temo ter
Porque não quero parar este corpo diante da bagagem da idade e de seus conhecimentos.

Oh, divina costureira
Trace a agulha junta a linha nas minhas costelas em posição ereta,
No peito em sonhos infindos e eterna crença nas coisas da vida,
No cérebro a memorizar as lembranças tragadas durante  a vida,
Nos pés a deixar rastros nos lugares que passaram fisicamente ou numa imaginação,
No sangue a aquecer todas as marcas de expressões de mim,
No esqueleto com roupas de cálcio!
Assim, podes confeccionar este corpo que te dou,  poesia!