Capa - Sarau

Capa - Sarau
Sarau Equinócio de outono

sábado, 26 de janeiro de 2013

Traços inacabados


Eu quero marcar meu corpo
Feri-lo em traços inacabados
Me inacabar até as pontas dos dedos
Se possível até meu ultimo gene de sangue

Calmamente me despi de pelos
Sem pelos sinto mais próximo do meu interior
Cada vez mais despido até meus ossos
Até a consciência de cálcio, meu aço

Levemente e na mesma cronologia com fúria
Desprenda minha pele, posteriormente a carne
E com pele e carne me cubra
Com o único cobertor humano que me esquenta e protege

Agora perfura meu corpo com a faca
Com a mesma lâmina que cortou minha mão outra manhã
Aprofunde até meu consciente
Enquanto minha poesia se torne inconsciente

Com meu olhar expandindo ao infinito
Com minha alma gritando sua dor e amor
Perfura-me todo o corpo e fira minha alma com palavras
Calmamente me abandonei destas linhas.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Coincidências


Tola, tonelada de paixão mórbida
Sem poro e sem polo.
Onde estás? Qual o frescor da tua pele?
Cadê o cheiro de pimenta rosa na tua pele?

És a sensação do teu velório feito no último beijo
Dei tanto de mim pois me interagir a ti
Em ti meu corpo foi largado no deserto
Como um gozo sobre a cama sozinho nos lençóis de luxuria
E sem o calor do corpo que o fecundou
É  assim a clara, rara  e platina paixão que conheci
Tal momento ela irradia todo meu mundo palpável,
Almático e logo se apaga as luzes do teatro
Apenas o luar sobre meu corpo nu imerso na escuridão.
Apenas meu último suspiro de gozo ecoando na mente
Ecoando incansavelmente no salão do mundo.
No mundo de almas nulas.

A poesia parece ter engolido todos meus sentimentos
O sentido do irreal faz real ele não ter sentido
A realidade se contradiz no enredo eterno.
Ela -  a vilã, a santa, a unção, o pecado, o caminho, a oração e a praga de mim.
Ela a poesia que me apresentou ambientes, timbres e texturas
E ela também, a paixão que me pós descalço
E me deu asas para que eu pudesse cair na poesia novamente
São elas, as coincidências da minha existência.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Espelho e o véu

Quando os corpos se aproximam
eu ouço um beija-flor cantar.
Quando sopro contra o vento
eu sinto os corpos abraçados.

Diga qual a dor que perambula no seu olhar
e a ofereça aos deuses ou para natureza
por momentos eu vejo seus olhos brilharem
como se toda a felicidade estivesse entre nós.

Quando digo o seu nome
é como se estivesse me dirigindo a palavra
e teu ser se transmuta em espelho
todo amor dirigido é retornado para mim.

Nada melhor que amar o outro como se ama a si mesmo.
Somos um corpo e um espelho um do outro agora.
Eu espero que o seu amor dado a mim retorne para você,
não, espero que você sinta meu amor como sinto o seu.

Como espelhos tocaremos o céu
num ambiente de perfumes de flores e cantos dos pássaros
nossos corpos se abraçarão sobre o véu
sobre o véu de nos conhecer diante dos corações irmanados.