Capa - Sarau

Capa - Sarau
Sarau Equinócio de outono

domingo, 30 de junho de 2013

Rosa e chaga


Querido Narciso preso no chão
Suas raízes estão te encaminhando a um variado futuro
Elas estão sugando a fundo todos motivos para te dar vida
Trazem a cada manhã um sorriso ao dia claro
Dia-a-dia te dando força a cada surpresa
Suspiro a suspiro renovando sua esperança
Creia-me um dia poderá dizer que gozou certo

Querido Narciso preso no presente
Pode ser bom como pode ser horrível algum segundo
E seja melhor se desprender do que bloqueia a luz solar
Abandonar no presente o que poderia ser paixão
Abandonar não é assumir fraqueza por pouco
Mas deixar que sua rosa seja de um vermelho mais vivo
Pétala a pétala será a confiança em si e na vida

Querido Lázaro que lambe cada ferida
Cada chaga foi um intenso sentimento no corpo
Se banhe com rosas e se sentirás bem
Teu sangue derramado sobre a rosa é um abraço cálido
Não se amedronte entre ao corte profundo
Do seu sangue nasce rosa no tempo único
Juntos serás jardins com pétalas firmes na grama.

sábado, 15 de junho de 2013

Poeta menstruada


Hoje me embebo da minha poesia
Um resguardo para a lua de amanhã próxima a terra
Hoje estou menstruada e fértil ao dia
Tenho uma lua de sangue entre as pernas quentes

Aqui estou com minha amante
Essa que é meu absorvente da minha essência
Essa que cura minha cólica
Aqui ela absorve cada esperma que ficou em mim

Bebo meu chá em cada palavra
E ele em mim sacode e alivia a cólica enferma
Aliviando cada gosto amargo de dor
Ele traz vinho quando o gosto do chá é esquecido a noite

Chupa minha nuca, lava-me
Lambe minhas pernas, limpa-me cada glóbulo sujo
Massageia minhas costas, conheça-me
Penetra em mim intensamente, coma-me poetando

Hoje sou noite menstruada nos braços
Minha vagina é minha boca eu-lírica nessa folha
Hoje fui absorvente do dia humano
Meu desejo de agora é trepar sobre todas folhas escritas.




***Esse escrevi em voz feminina

sábado, 1 de junho de 2013

Escorrendo gota a gota


Prometi não escrever sobre o que me rodeia
Sobre as palavras que têm interiorizado meu sangue
Por ironia do presente estou fazendo meus dedos dançarem no teclado
A cada passo deles vou me esvaziando de palavras
Como se meu sangue fosse escorrendo de mim pelas pontas dos dedos
Toda essa extração de mim vai julgando uma tal arte
Lapidando minha arte vadia de ser mero humano
Ou se como meus dedos gozassem sobre o teclado
Esse prazer contínuo de transpor o meu interior gera esse ritmo
Compulsivo, continuo a cada letra solta e a cada suspiro eu gozo
Zureta sensação dominando poros e coordenando movimentos
Trabalho vadio e bento, transpus minhas palavras
Desta minha masturbação de me esvaziar gota a gota
Meu sêmen esboça palavras e traços no meu rosto de prazer
Agora minha mão transpira como se fosse outro corpo de uma transa
No que me rodeia e interioriza é motivo de transar
Eu transo com as palavras a cada dia
Cada essência quando pouso meus dedos nessa dança
Dança inquieta até o ápice em que meus dedos se confortam com a quantidade de sêmen jorrado aqui
E agora, você lê cada esperma meu, essa dose é uma gota de mim
Minhas gotas são infindas enquanto minha ereção permitir
Até minha voz ficar roca de tanto gemer ao declamar minhas gotas em folhas
Minhas gotas tatuadas no corpo
Até que as compulsivas palavras me tirem todo o ar
E pela morte eu não possa mais gozar.