Capa - Sarau

Capa - Sarau
Sarau Equinócio de outono

domingo, 13 de outubro de 2013

Poesia de retalho


Entre letras e retalhos
as palavras costuram minha carne
Costura meu tecido epitelial ,
minha pele fria
Meus olhos esperançosos ao infinito

Entre letras  e retalhos
as palavras ditas costuraram a noite
sem mais noção de onde estava a lua
A lua que  se perdeu entre as árvores ao redor

Entre letras e retalhos
mulheres ajeitam as saias e homens tocam violão
E fazem do sarau  letras e retalhos
Letras e retalhos de uma vida
Letras e retalhos de poesia
Letras e retalhos de música
Letras e retalhos de dança
Letras e retalhos instrumentos, órgãos,  partituras vitais

Entre letras e retalhos o útero do sarau ,
a fecunda apresentação da noite momentânea
Entre letras e retalhos
o que é entre letras e retalhos?
Entre mim e o ouvinte
Entre o escritor e o leitor
Entre a dançarina e o admirador

Entre letras e retalhos é o chão e a grama
A vela e a chama
O aquário e a água
O papel e o ar
Entre letras e retalhos artistas e humanos
Artistas humanos
Artistas se evoluem enquanto humanos

Entre letras e retalhos remendadas palavras
Remendadas roupas
Remendados tempos que a arte naufraga
entre séculos e séculos, dias, minutos, segundos
Que as letras pronunciam,
exaltaram o retalho da minha garganta
de dizer para o inexistente a figura de entre letras e retalhos
Sobre  o tapete branco,
o vinho que se derramou sobre ele
O suor que se misturou ao vinho
O gozo de escrever entre a pele, o suor, a caneta

Entre letras e retalhos
nada mais do que gozar sobre a noite a arte de ser um artista
Entre letras e retalhos é ouvir a infinita arte
É assistir a outros artistas
É sentir a clemência da arte nesse último sarau.

*Poema inspirado no Sarau Equinócio de Outono do grupo Entre letras e retalhos