Capa - Sarau

Capa - Sarau
Sarau Equinócio de outono

domingo, 26 de janeiro de 2014

Tom


Que a natureza vista nossa nudez
como as palavras te vestiram inefável
para que possas existir um estreante da vida
Bom ler suas palavras acentuadas no seu tom
Bom tocar a folha do teu corpo em textura quente
Arrepiar-me com cada emoção do teu olhar
Esperar o inesperado do gozo do seu abraço
Sentir a alma alceada na nossa paixão
No seu suspiro me lembro de belas canções
Uma delas diz “Eu quero ficar no teu corpo feito tatuagem”
Reflito nos desenhos dos seus braços
Desdenho-me nas curvas do seu corpo
Excito nosso futuro com carinhos
Pois agora, compreendo a verdade do beijo calmo
E o instinto da língua feroz em ti
Amante, acentuo meu tom em ti.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Usar a poesia


O que se fazer da poesia hoje?
Pensei no canto triste,
Na maloca da saudade
No extermínio pirata
Camarada, tem que se acostumar com a poesia
Aos anseios dos dedos
A ânsia de gerar palavra

Eu juro que não sei o que fazer com a poesia
Talvez rimas, talvez versos
Um circo de palhaços
Com atração principal do Amor palhaço
E o clima de horror com céu cinza
E a equilibrista se equivale na corda de folhas

Há de se ter cautela ao brincar com ela
Poesia travessa que rola sem parar
Rola até a lama do meu calcanhar
O que fazer?
Talvez romantismo, barroco
Um poema gótico, arcadista, moderno
Modernidade ao digitar versos antigos
Ao ler numa tela luzida os pensamentos dos velhos poetas

A bicicleta parou no meio da praça da prosa
Velhos jogando xadrez e contando causos dos amores
O amor, estúpido cúpido que estupidamente sou
Quero dela a invenção de sentidos
O inventariar da vida
Essa passagem arquivada nesses dedos
E no fim, sou uma poesia qualquer
Voo entre espaços das letras
E  o salvar disso.

Comê-la então, pode ser o momento cósmico
Reduzi-la a minha carne
Fundir-me com a poesia, ato pagão
Segundo ato, o relógio no chão
Terceiro ato, preces finais
Aliás esse momento  de fazer poesia é sagrado,
O resto é só blasfêmia.