Capa - Sarau

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Sarau Equinócio de outono

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Usar a poesia


O que se fazer da poesia hoje?
Pensei no canto triste,
Na maloca da saudade
No extermínio pirata
Camarada, tem que se acostumar com a poesia
Aos anseios dos dedos
A ânsia de gerar palavra

Eu juro que não sei o que fazer com a poesia
Talvez rimas, talvez versos
Um circo de palhaços
Com atração principal do Amor palhaço
E o clima de horror com céu cinza
E a equilibrista se equivale na corda de folhas

Há de se ter cautela ao brincar com ela
Poesia travessa que rola sem parar
Rola até a lama do meu calcanhar
O que fazer?
Talvez romantismo, barroco
Um poema gótico, arcadista, moderno
Modernidade ao digitar versos antigos
Ao ler numa tela luzida os pensamentos dos velhos poetas

A bicicleta parou no meio da praça da prosa
Velhos jogando xadrez e contando causos dos amores
O amor, estúpido cúpido que estupidamente sou
Quero dela a invenção de sentidos
O inventariar da vida
Essa passagem arquivada nesses dedos
E no fim, sou uma poesia qualquer
Voo entre espaços das letras
E  o salvar disso.

Comê-la então, pode ser o momento cósmico
Reduzi-la a minha carne
Fundir-me com a poesia, ato pagão
Segundo ato, o relógio no chão
Terceiro ato, preces finais
Aliás esse momento  de fazer poesia é sagrado,
O resto é só blasfêmia.

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