O que se fazer da poesia
hoje?
Pensei no canto triste,
Na maloca da saudade
No extermínio pirata
Camarada, tem que se
acostumar com a poesia
Aos anseios dos dedos
A ânsia de gerar palavra
Eu juro que não sei o que
fazer com a poesia
Talvez rimas, talvez
versos
Um circo de palhaços
Com atração principal do Amor
palhaço
E o clima de horror com
céu cinza
E a equilibrista se
equivale na corda de folhas
Há de se ter cautela ao
brincar com ela
Poesia travessa que rola
sem parar
Rola até a lama do meu
calcanhar
O que fazer?
Talvez romantismo, barroco
Um poema gótico,
arcadista, moderno
Modernidade ao digitar
versos antigos
Ao ler numa tela luzida os
pensamentos dos velhos poetas
A bicicleta parou no meio
da praça da prosa
Velhos jogando xadrez e
contando causos dos amores
O amor, estúpido cúpido
que estupidamente sou
Quero dela a invenção de
sentidos
O inventariar da vida
Essa passagem arquivada
nesses dedos
E no fim, sou uma poesia
qualquer
Voo entre espaços das
letras
E o salvar disso.
Comê-la então, pode ser o
momento cósmico
Reduzi-la a minha carne
Fundir-me com a poesia,
ato pagão
Segundo ato, o relógio no
chão
Terceiro ato, preces
finais
Aliás esse momento de fazer poesia é sagrado,
O resto é só blasfêmia.
Viver a antropofagia poética.
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