Rendi minha alegria nesta manhã como pernas abertas implorando liberdade
Desprezei um laço nos lábios revoltos
Desprezei um laço nos lábios revoltos
Desembrulhei calmamente um
sorriso e suspeitei de um laço maior;
Uma poesia a encarnar todo
o corpo
Como uma encarnação que recebe
uma mãe ao parir,
Ao digerir na vagina o
fruto do mundo
Aqueles gritos de força,
clamadores de grandeza
E ao expelir de si, alguém
que será maior do que ela
A esse fruto será o motivo
de luta
A mamãe ao parir deve
receber uma energia maior que si
Maior que todos seus gozos
e tesões já alcançados
Encarnei através da minha
mãe em um corte
O bisturi com sede da
carne dela
Ali entre sua virilha
Fui cortado, como se fosse
um tumor sendo retirado de si
E a partir dali, ela não
sentiria peso e nem cansaço
Em dias ela trabalharia
novamente, o retorno da rotina
E o corpo estranho que a
abrigava seguia amamentando de suas tetas
Sugando leite de suas
glândulas mamárias através de sua pele negra e quente
Desfiz um suspiro de quem
esperava perfeição para hoje
O substantivo foi maior
que a beleza integrada ao corpo
E os vestígios de suspiros
e sorrisos que poderiam acontecer pousaram-se no chão
Lá embaixo agem como
bactérias querendo procriar
E vão explodir baixinho
Bem baixinho vão explodir
como bomba biológica
Vão zunir ar e risos, e em
vãs luzes vão manifestar moléstia em um corpo qualquer
Aqui, rebento meus verbos
na metamorfose da minha língua
As palavras dão caminho a
passagem do mundo
A origem do mundo e da
guerra
Nesse túnel de gozos
poéticos medro meus versos fragmentados de avessos
Refaço no meu canto mudo
de poesia a minha vida
Dizem que recebemos
entidades ao sermos poetas
Pois minha alma grita
entre meus poros
Como um grito de quem
pari,
Dou a luz as palavras e
sentidos exatos e inexistentes
E ao rebentar verbos e
letras, meus ossos gotejam fios de luzes
Luminosas partículas como
atos mediúnicos que usurparam minha voz
Hoje, sou palavra de
brilho opaco
Rebento minha clarividência
poética
Nos fios luminosos do meu
olhar enxerguei minha alma gotejando a mim
E a encarnação foi
interrompida, a poesia acaba aqui!
Pena que acabou....voltando pra realidade!!! Lindo lindo lindo!
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