O sol declinara.
Na casa imunda
onde cobras se arrastam
onde berram mulheres que sofrem
onde choram vidas que não viveram.
Vagando entre paredes lisas e humildes
paredes que têm gente enterrada por dentro.
Ar de resignação e pecado.
Ar de morte.
Ar de recusa.
Mãos sobre o peito
posição dos mortos,
mãos tão pequenas e frágeis
que não levantam nem uma faca
para lutar pelo direito de viver.
A espada desta batalha encontra-se em um único ser
que decide interromper uma vida
ou semear este fruto.
A decisão é concluída antes de atravessar a porta
no outro lado o próximo interrupção,
o próximo berro, o próximo choro,
a próxima cobra a rastejar
e próximo enterro entre paredes.
Serpente símbolo da morte
rasteja sobre a mulher que se nega mãe.
O sol morrera.
Este poema foi inspirado na história de Marques Rebelo em a "A estrela sobe"
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