Capa - Sarau

Capa - Sarau
Sarau Equinócio de outono

terça-feira, 31 de julho de 2012

Útero III



Foi no fervor da placenta que me tornei humano
Naquele calor que me formulava obtive a minha temperatura corpórea.
Em meio aquelas substâncias, nutrientes  e gases me alimentei.
Alimentava para a caminhada para quando eu saísse daquele útero materno,
Ainda seguiria pelo mundo no colo de minha mãe
E os braços de meu pai me levaram a outros horizontes
Até que eu saísse com minhas pernas ao invés de braços paternos
E meu corpo servisse de colo para minha mãe e os amores que interromperam meu ensaio.

Foi nas ondas da placenta que fui sendo lapidado
Naquelas vibrações obtive movimentos frágeis, mas conquistadores para os pais
Estes movimentos mostravam minha pulsação e já tão cedo mostrava um coração inquieto.
Talvez naquela límpida e vital placenta, pressentia a beleza do mundo  e a poesia.
Sim, na placenta que desenhou meu rosto
Que mapeou os segredos do meu corpo
Que criou o laço que me uni a minha mãe ente a carinhos e intuitos
Que me deu polos de me entender e perder.
Foi a placenta a lapidadora de mim.

8 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. me lembrei de Augusto dos Anjos.
    parabéns.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não conheço muito Augusto dos Anjos, mas que bom que gostou e comparar com um poeta influente da literatura. Obrigado.

      Excluir
  3. Sabes? a FAMILIA é sempre a nossa FAMILIA!
    As tuas palavras sempre adoçam o meu cantinho, obrigada por todas elas!
    Beijinhos de quem sempre te espera no meu espaço,
    Pensando com Arte.

    ResponderExcluir
  4. Ternas palavras profundas...
    Um grande abraço meu amigo poeta!

    ResponderExcluir
  5. Sem palavras... simplesmente lindo o texto...

    ResponderExcluir