Venha tristeza como uma flecha na noite extinta de estrelas
senta no meu colo caloroso que alguém deixou aquecido para
outro corpo
se preparou o tempo e o assento para outra ilusão ou chacina
de algum sentimento que vive em mim ainda.
Pode chegar e até me abraçar e vasculhar dentro de mim algo
que não seja oco
que não seja vaco como o espaço
que compartilhe outros átomos fora da minha aparência
que me faça diferente deste ser que sou e que me apresento
aos outros mortais
que mergulhe em sangue quente como um gelo inato e
inabalável
que me rastreie em pensamentos longínquos de ser homem com
corpo a entrelaçar em outro.
Ofereça para mim sua carne macia, cheirosa e formidável
sua pele suada com pelos, com sinais de excitações e canções
seu órgão como alimento único da minha dieta de ser homem e
o homem que é escravizado pelos seus desejos carnais,
seu líquido a matar minha sede, minha busca e minha volúpia
que é este calor que nos incendeia que deixa minha garganta seca e faz minha
boca quente produzir saliva para enganar
minha sede que se entrelaça a você
seus sussurros mais esplêndidos que o oásis, mais altos que
as notas líricas, mais aclamador do meu corpo do que uma pintura
sua face a transpirar no meu pescoço, na minha face, no meu
peito que bate tão inquieto por ti
seu corpo, apenas seu corpo junto ao meu num leito que é
nossa morada.
Venha tristeza que te peço aquecimento e entrelaçamento
agora,
tua presença é saber que quando tu se for e não ligar mais
para mim e será a sua ausência que se configurará este adjetivo de tristeza
ausência de amor ou paixão ou troca é tristeza
mas agora me estupre, me usurpe, me camufle na sua carne no
seu corpo nos seus pelos
num último beijo diga num suspiro no meu pescoço o que vai
me ilusionar a uma continuação deste conto amoroso e luxúrico que busco em ti.
Muito bonito :)
ResponderExcluirPoesia muito profunda. Conhecer a tristeza é um hábito. Ela sempre virá, em formas diferentes, de maneiras diferentes...
ResponderExcluirBonitas palavras!
Um grande abraço.
Linda poesia meu caro... e que a tristeza seja permitida, da mesma forma que a alegria... Não devemos ter vergonha de nossos sentimentos!
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