Capa - Sarau

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Sarau Equinócio de outono

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Foco


Pense na primavera exata
Nas idades das flores murchas
Catalisadas dentro da vitrine ruga
Canto da terra onde sou verme

Rastejo como serpentes ambiciosas
Olhar focado na rosa vermelha
Desprendendo-me em sangue, cálida ferida
Dois segundos, sou o gosto de vinho

Foco, foco, atenção, foco!
E se não invoco, eu sou ateu?
Hoje todos têm que invocar, sei lá
Deus, Oxum, Afrodite, Buda, Kardec, Iansã...
Enfim, foco, o perdi.

Serei o rato sujo correndo na vertical
Alimentando da hóstia e das oferendas
Rindo da aristocracia teocentral
Pois então eu prefiro ser banal.

Banal, carnal, tropical com pau
Brasil, eu sou assim o foco desfocado
Têm dias que tenho foco, outros não
Resumir-me a esse poema me basta por hoje.


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